domingo, 28 de novembro de 2021

Rio Grande do Norte segue na liderança como exportador de frutas do Brasil, e só crescerá

 

A fruticultura do Rio Grande do Norte deverá movimentar cerca de R$ 1 bilhão em 2022, ultrapassando a marca de 2020, quando o Estado movimentou R$ 750 milhões, cifras que devem se repetir ao final deste ano. A estimativa é de Guilherme Saldanha, titular da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio Grande do Norte (Sape), que participou da Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada (Expofruit) na última semana.

“A gente termina esse ano muito bem, continuamos na liderança como o maior exportador de frutas do Brasil. O mundo está enfrentando um problema muto difícil de rota marítima e de contêiner, mas, mesmo assim, a gente deve crescer de 15% a 20%. Vamos passar a barreira dos US$ 200 milhões de frutas, o que representa R$ 1 bilhão de dinheiro estrangeiro que vai entrar aqui. Eu estou muito otimista”, comenta Saldanha.

O melão continua sendo o carro-chefe da produção frutícola potiguar, seguido por melancia, mamão, banana e manga. De acordo com dados do Sebrae/RN, em outubro passado, as exportações de melões frescos cresceram e totalizaram US$ 19,3 milhões. Na comparação com o mês anterior, o RN havia comercializado no mercado internacional US$ 10,8 milhões, desempenho que estava relacionado à retomada da entressafra da fruta. A expectativa é que 2021 alcance os mesmos números do ano passado, quando o Rio Grande do Norte exportou 300 mil toneladas de frutas frescas.

“Além do melão, a gente tem a consolidação de outras culturas, que devem evoluir em 2022. Temos melancia, banana, limão, abóbora e estamos enxergando a entrada da uva na nossa região, mas não só isso. Temos uma região que é capaz de produzir diversas outras culturas, não só com o objetivo de exportação, mas também de atender o mercado local. Por nós estarmos tão próximos dos portos da Europa e da América do Norte, isso faz com que tenhamos um potencial gigantesco”, afirma Fábio Queiroga, presidente do Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (Coex/RN).

Em agosto passado, o RN triplicou a capacidade de exportação de melão para o Chile, passando de quatro fazendas e três empacotadeiras em 2020 para 13 fazendas e 11 empacotadeiras habilitadas. O Brasil tem um acordo bilateral com o Chile, para exportação de frutos de melão e melancia frescos. O acordo é renovado anualmente, baseado em critérios como a certificação fitossanitária e o monitoramento das propriedades produtoras.

“Temos uma oportunidade muito boa. Nossa região é dotada de privilégios incomensuráveis, apenas 10% do Brasil tem solos com o nível de fertilidade que a nossa terra tem. Nós conseguimos produzir com níveis mais baixos de insumos e fertilizantes do que em outras regiões. Nós produzimos 12 meses por ano, enquanto alguns países desenvolvidos só conseguem ter uma ou duas colheitas por ano”, comenta Fábio Queiroga.

A maior produtora de melões e melancias do país, a Agrícola Famosa, que tem parte da sede em Mossoró, também espera aumentar o ritmo de produção e exportação em 2022. “A projeção é positiva e deve ser parecida com a de 2021. Com o câmbio valorizado, as exportações devem continuar altas e a demanda na Europa está boa. As exportações que tivemos neste ano foram muito importantes para o estado, para a geração de empregos”, pontua Luiz Roberto Barcelos, proprietário da Agrícola Famosa.

Pegando carona no surgimento e consolidação de outras culturas frutíferas no Estado, além do melão, a produtora Frutas Doce Mel também quer expandir os negócios pelo mundo no ano que vem. Na filial do Rio Grande do Norte, em Baraúna, o foco é na produção e distribuição do mamão para os mercados interno e externo.

“A população conhecia muito a nossa marca pelo mamão formosa e pelo abacaxi. Antes tínhamos uma produção toda voltada para a matriz, que fica em Mamanguape, e aqui em Baraúna. O mamão formosa a gente já exporta para 11 países. Com o passar do tempo, nestes 24 anos de empresa, foram vistas novas oportunidades de produzir e exportar outros produtos e atender atacadões. Estamos confiantes que cresceremos ainda mais em 2022”, afirma Caio Araújo, coordenador de marketing da empresa.


Produtores focam no mercado chinês

Atualmente, cerca de 40% das exportações de frutas do País saem do Rio Grande do Norte, a produção é destinada ao consumo interno e a exportação, tendo a Europa como principal destino, sobretudo o Reino Unido e a Holanda. Para produtores, investidores e autoridades do agronegócio, o momento é de estreitar laços com o mercado asiático, voltando as atenções para a China.

Passado pouco mais de um ano após envio das primeiras toneladas de melão à China, missão comercial de produtores potiguares ao país asiático buscará ampliar as exportações. O encontro ocorrerá em março do próximo ano e foi definido entre representantes do Sebrae no Rio Grande do Norte, Governo do Estado e Comitê Executivo de Fruticultura (COEX) junto ao Consulado chinês, durante o Fórum da Fruticultura, um dos eventos da Expofruit, em Mossoró.

Em participação virtual na palestra “Estratégias comerciais para a fruticultura”, a Cônsul Geral da China, Yan Yuqing, destacou a qualidade do melão potiguar e ressaltou a importância da cooperação comercial bilateral. Também participou do painel o adido comercial chinês Shao Weitong.   O país consome cerca de 17 milhões de toneladas da fruta ao ano.

“O Brasil possui condições naturais superiores para uma grande produção, muitas variedades e alta qualidade das frutas, tornando-se o terceiro maior produtor de frutas no mundo. Sendo o  mercado consumidor de frutas com maior potencial, a China tem crescente demanda por frutas e vegetais de alta qualidade do exterior. Portanto, é extremamente complementar a cooperação entre a China e o Brasil na área de comércio das frutas”, enfatizou Yuqing.


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