terça-feira, 30 de novembro de 2021

Rio Grande do Norte deve retomar liderança na produção de castanha



O Rio Grande do Norte, que hoje figura como o terceiro maior produtor, atrás dos estados do Ceará e do Piauí, pode retomar o protagonismo nacional da produção de castanha de caju, como ocorreu até meados de 2010. É que, segundo prognóstico feito pelo chefe da Embrapa Agroindústria Tropical, Gustavo Saavedra, o Estado deve triplicar a produtividade nos próximos oito anos, saltando de 17 mil toneladas para 50 mil toneladas produzidas ao ano, o que representará cerca de R$ 300 milhões.

A estimativa do pesquisador foi apresentada no Seminário da Cajucultura, no Auditório Amâncio Ramalho, na Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa). O evento integrou a programação científica da Expofruit. A “virada da cajucultura potiguar”, como classificou Saavedra, deve ocorrer a partir de outubro de 2022, quando serão lançados e inseridos em pomares de regiões serranas do estado, a exemplo de Serra de Santana, dois novos clones de cajueiro-anão desenvolvidos pela Embrapa.

Adaptados às condições climáticas da região por meio de melhoramento genético, os clones possuem, como principal característica, a alta produtividade. Gustavo Saavedra adverte, no entanto, que somente a chegada de novos clones de cajueiro não serão capazes de alavancar a produção. Investir no manejo e no melhoramento genético será determinante para que a produtividade de castanha de caju seja triplicada no Rio Grande do Norte, associado, ainda, ao cultivo em áreas tradicionais, como nos municípios de Severiano Melo e Serra do Mel, na região Oeste.


“Triplicar a produção é uma meta bem realística. O clone 1 e o clone 2, como estão sendo chamados, passaram por testes e performaram muito bem nas regiões de serra, com produtividade bem elevada. Isso traz novas perspectivas para a cajucultura potiguar, a partir do momento que temos disponível, também, excelente melhoramento genético e excelente manejo, indispensáveis ao aumento na produção”, avalia.

Atualmente, a cajucultura movimenta cerca de R$ 100 milhões . “Hoje, temos uma produção de 7 mil toneladas, cerca de 320 quilos por hectare/ano o que é bem baixo. Se não pensarmos numa meta ousada, como essa de triplicar a produtividade, o Estado corre o risco de sair desse mercado”, afirma Gustavo Saavedra. Ele explica que tecnologias de manejo para triplicar a produção existem e que, por isso, a meta é realizável.

“A ideia é que esse trabalho fique ainda mais intenso nos próximos anos, com o apoio de empresas de extensão, de créditos, de pesquisa, e gestões municipais, para revitalizar a cajucultura”, diz.

Alinhado às novas perspectivas para a cadeia produtiva da cajucultura no Estado, o Sebrae-RN desenvolverá, nos próximos três anos, juntamente com parceiros, uma série de novas medidas com vistas ao fortalecimento do setor. O foco é a revitalização de pomares e agregação de valor aos produtos produzidos por pequenas agroindústrias.

O Sebrae atua fortemente na fruticultura, com apoio à tecnologia, inovação, introdução de clones associados, orientação para enxertia, e iniciou o trabalho de identificação geográfica da castanha de Serra do Mel, de modo a atender a todas as regiões do Estado.



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