segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Novo presidente do STF assume nesta segunda 19, no lugar do sergipano Carlos Ayres Britto, e já anuncia entre suas primeiras providências, que vai acabar com o caráter sigiloso de processos

Joaquim Barbosa: de família humilde à presidente do STF e herói nacional

Por Marcia Cruz

Esta segunda, 19, é uma data histórica para o Supremo Tribunal Federal: pela primeira vez, um negro assumirá a presidência do STF! O novo presidente, o ministro Joaquim Barbosa, ganhou notoriedade e prestígio na sociedade com o julgamento do Mensalão, no qual foi o relator.

Barbosa assumirá o cargo de forma interina, já que no domingo, 18, o atual presidente, o sergipano Carlos Ayres Britto, completou 70 anos de idade e foi obrigado a se aposentar. E na próxima quinta, 22, assumirá em definitivo, sendo o vice-presidente o ministro Ricardo Lewandowski.


Ministro Joaquim Barbosa

O novo presidente do STF é advogado, professor, jurista e magistrado brasileiro, tem 58 anos e é natural de Paracatu, nordeste de Minas Gerais. 

Joaquim Benedito Barbosa Gomes, seu nome completo, veio de uma família humilde, no qual seu pai era pedreiro e sua mãe dona de casa. Começou a trabalhar cedo ao sair de casa para morar sozinho em Brasília e, durante toda sua vida estudou muito e sempre em colégio público. Formou-se e obteve seu bacharelado em direito na Universidade de Brasília, onde em seguida obteve seu mestrado em direito do estado.

Foi sempre com muita determinação e honestidade que ele construiu uma carreira brilhante, onde passou por concursos e teve oportunidade de estudar fora do país. Em 2003 foi indicado por Lula a ser Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), e agora, para honra do povo brasileiro, que aprendeu a admirá-lo, torna-se o novo presidente do STF e assumirá o julgamento do mensalão, caso que ficou conhecido e popularizado nacionalmente por causa do esquema de compra de votos dos parlamentares, que foi deflagrado no primeiro mandato de Luís Inácio Lula da Silva. 


Ministro Ricardo Lewandowhki
Lewandowski nasceu no Rio de Janeiro, foi nomeado juiz do Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo pelo quinto constitucional da advocacia. Chegou a desembargador do Tribunal de Justiça do mesmo estado. Foi nomeado  ministro do Supremo em 2006.

É mestre, doutor e livre-docente em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e Master of Arts em Relações Internacionais pela Fletcher School of Law and Diplomacy, da Tufts University, administrada em cooperação com a Harvard University.

NOVOS DESAFIOS JÁ SÃO ANUNCIADOS


Feliz com o novo desafio, o novo presidente já anunciou que uma das primeiras providências de sua gestão será derrubar a regra pela qual o sistema de busca do tribunal exibe apenas as iniciais dos investigados em processos, mesmo que não tenha sido decretado segredo de justiça no caso específico. 

Atualmente, o relator decide se permite a divulgação do nome do investigado. Na gestão de Barbosa, todos os processos chegarão à Corte em caráter público, e, apenas se for o caso, o relator decretará o sigilo. As informações são do jornal O Globo, em matéria assinada pela jornalista Carolina Brígido.

O segredo às avessas foi uma medida da gestão do ex-ministro Cezar Peluso na presidência do STF. Peluso se aposentou em agosto deste ano. 

A prioridade de Barbosa na presidência será dar maior atenção aos processos com repercussão geral. Essa classificação é dada a processos que, uma vez decididos pelo STF, determinarão a forma como outros tribunais tratarão do mesmo assunto. Atualmente, há 613 processos desse tipo aguardando o julgamento no Supremo. Por consequência, 423.468 estão com o andamento paralisado em tribunais estaduais e federais em todo o país. 
Barbosa lutará por um STF mias transparente e dinâmico
Como o processo do mensalão impediu outros julgamentos na Corte, o número de processos sobrestados em outros tribunais cresce assustadoramente: no início de setembro, eram 267.156. Barbosa pretende designar servidores e juízes do STF para cuidar do assunto. 

Em decorrência, exemplificativamente, há 11.149 ações paradas em todo o Brasil aguardando julgamento de um processo no STF sobre a compensação da diferença de 11,98% resultante da conversão em URV dos valores em cruzeiros. 

Há também 9.013 ações aguardando o julgamento de um processo que discute o dever do poder público de fornecer medicamento de alto custo a portador de doença grave que não tenha dinheiro para comprá-lo. 

Outro tema aguardando o veredito do STF é a indenização pedida por servidores públicos pelo não encaminhamento de projeto de lei de reajuste anual dos vencimentos. Há 6.312 processos parados no Brasil sobre o assunto. 

COMO FICA O STAFF DO PRIMEIRO ESCALÃO

Para garantir maior transparência à administração do tribunal, Barbosa escolheu Fernando Camargo, um auditor do Tribunal de Contas da União, para ocupar a Diretoria Geral do STF. 

O diplomata Silvio Albuquerque será seu chefe de gabinete. 

E Flávia Eskhardt da Silva, atual assessora do ministro, ocupará a secretaria geral da da Presidência.


Ministro Luiz Fux será o orador na posse de Barbosa
SOBRE O ORADOR EM SUA POSSE

A escolha do ministro do Supremo Tribunal Federal que faz o discurso de boas vindas na posse do novo presidente da corte é de caráter pessoal do juiz que será empossado. O discurso não precisa ser feito pelo decano - o ministro mais antigo do tribunal -. O Poder Judiciário é recheado de protocolos e tradições, mas convidar o decano para discursar na posse do novo presidente não é uma delas.

Por isso, o ministro Joaquim Barbosa, não quebrou protocolos ao convidar o ministro Luiz Fux para discursar na cerimônia. Os três últimos presidentes do Supremo - Gilmar Mendes, Cezar Peluso e Ayres Britto - decidiram escolher o ministro Celso de Mello, decano do tribunal, para fazer o discurso. Mas isso não significa que o ato tenha se tornado um protocolo.

Nas últimas doze posses de presidentes no Supremo Tribunal Federal, em apenas quatro ocasiões os novos dirigentes escolheram o decano para discursar. O próprio Celso de Mello, quando tomou posse em 1997, escolheu para fazer o discurso de sua chegada ao comando da corte o ministro Sidney Sanches. O decano, na ocasião, era o ministro Moreira Alves.

O ministro Celso de Mello foi convidado para discursar também na posse da ministra Ellen Gracie na Presidência, em 2006. O decano, então, era o ministro Sepúlveda Pertence. O orador do tribunal representa uma escolha pessoal do empossado. O decano não é nem o orador oficial, nem o orador nato.

Só a título de curiosidade, confira os oradores convidados e quem eram os decanos nas últimas 12 posses de presidentes do Supremo:

POSSE NA PRESIDÊNCIA / ORADOR OFICIAL / DECANO À ÉPOCA 
ANOPRESIDENTE EMPOSSADOORADOR OFICIALDECANO
1993MINISTRO OCTAVIO GALLOTTIMINISTRO FRANCISCO REZEKMINISTRO MOREIRA ALVES
1995MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCEMINISTRO CARLOS VELLOSOMINISTRO MOREIRA ALVES
1997MINISTRO CELSO DE MELLOMINISTRO SYDNEY SANCHESMINISTRO MOREIRA ALVES
1999MINISTRO CARLOS VELLOSOMINISTRO OCTAVIO GALLOTTIMINISTRO MOREIRA ALVES
2001MINISTRO MARCO AURÉLIOMINISTRO CELSO DE MELLOMINISTRO MOREIRA ALVES
2003MINISTRO MAURÍCIO CORRÊAMINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCEMINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE
2004MINISTRO NELSON JOBIMMINISTRO CARLOS VELLOSOMINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE
2006MINISTRA ELLEN GRACIEMINISTRO CELSO DE MELLOMINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE
2008MINISTRO GILMAR MENDESMINISTRO CELSO DE MELLOMINISTRO CELSO DE MELLO
2010MINISTRO CEZAR PELUSOMINISTRO CELSO DE MELLOMINISTRO CELSO DE MELLO
2012MINISTRO AYRES BRITTO (ABR/12)MINISTRO CELSO DE MELLOMINISTRO CELSO DE MELLO
2012MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (NOV/12)MINISTRO LUIZ FUXMINISTRO CELSO DE MELLO




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