Xenofobia!! Abril demite jornalista que criticou preconceito contra nordestinos feito pela mulher do presidente da Editora
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| Dilma Rousseff e Waldir Maranhão: impeachment, trapalhadas e polêmicas |
Primeiro vamos relembrar os acontecimentos. Na segunda, dia 9, o deputado federal Waldir Maranhão (PP-MA), presidente interino da Câmara dos Deputados com a saída de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), lançou uma verdadeira "bomba" através de uma nota que anulava as sessões que resultaram na aprovação do pedido da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, que então enviou o relatório aprovado ao Senado, para que que o pedido de admissibilidade da abertura do processo fosse ou não aprovado.
Justamente no dia em que o Senado teria a sessão, pela tarde, para aprovar ou não este pedido, aprovado por 367 deputados, veio a noticia do Maranhão, logo cedo, anulando a aprovação dos deputados e provocando um caos no meio político e também afetando o mercado financeiro.
Na mídia, nas redes sociais e em todos os lugares, o assunto era o mesmo: será que Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, iria acatar o pedido de Maranhão, para que devolvesse o processo? Enquanto uns comemoravam, outros se indignavam. E a democracia existe para que todos possam opinar. Mas o que não pode, e isso a gente não aprova e não concorda, é a xenofobia contra os nordestinos. Somos todos seres humanos e essa política de divisão promovida por alguns partidos e ideologias, precisa ter fim.
Em sua página pessoal, Cristina Partel, esposa do presidente da Editora Abril, escreveu: "PERGUNTA: o Nordeste colocou a Dilma no planalto, agora um nordestino não quer deixá-la sair!! Depois dizem que somos preconceituosos, será mesmo??". E uma amiga responde a ela: "Ai amiga, não fale isso não... afinal Graciliano Ramos, Alceu Valença, Djavan... Ah minha avó, uma alagoana linda que ajudava tantos as pessoas... Não vamos deixar esse sentimento nos possuir, apesar de toda indignação.Não somos melhores". E Cristina Partel responde: "Tenho certeza de que sua sábia vozinha não votaria na Dilma. Claro exceções confirmam a regra".
Gil Felizberto, editor de arte da Abril, por sua vez, usou suas redes sociais para criticar o post de Partel, esposa do seu chefe, Walter Longo e, na quinta, 12, foi demitido da empresa. Revoltado, ele denunciou o fato ao portal Brasil 247, através de uma Carta Aberta ao presidente da companhia, associando sua demissão a crítica feita a sua esposa. Abaixo, você poderá lê a Carta, na íntegra.
Claro que a atitude do deputado Maranhão, como bem classificou Renan Calheiros, ao negar o pedido do parlamentar e prosseguir com o processo no Senado, foi "intempestiva". E como se não bastasse as trapalhadas, na madrugada da terça, por volta de 00h20 da manhã, a Secretaria Geral da Mesa da Câmara recebeu a decisão de revogação da decisão de anular o impeachment na Câmara, assinada pelo próprio Maranhão, revogando sua própria decisão.
Vamos passar o Brasil a limpo. Chega!!
O que não podemos concordar, de forma alguma, é que atitudes de políticos do Nordeste sejam usadas como pano de fundo para a xenofobia contra os nordestinos!
Muitos questionamentos e polêmicas ainda surgirão em cima destes fatos, e esperamos que tudo seja resolvido da melhor forma entre o editor demitido e a empresa, mas que o assunto também sirva para que possamos discutir o preconceito contra o Nordeste. Chega de xenofobia contra os nordestinos!! Somos todos brasileiros!!
Chega de divisões de classes!! Chega de brigas por partidos e ideologias!! É momento de passarmos o país a limpo, de lutarmos contra a corrupção e de nos indignarmos com o descaso com o dinheiro público, que é nosso, do povo brasileiro. Da NOSSA nação!!
Chega de gestores que sofrem de amnésia e nada sabem, e que só assumem os pontos positivos de suas equipes, mas querem se eximir da responsabilidade dos erros cometidos pelas mesmas.
Chega de aparelhamento do governo e de financiamento de planos de poder. Chega de assistencialismo que mantém nosso povo escravo, vamos ensinar a pescar e não alimentar cidadãos que se contentam com migalhas. Que os programas sociais atendam somente quem realmente não pode mais ser produtivo, e ao que podem produzir, que seja uma ajuda temporária, e que recebam ajuda para estudar e empreender. O trabalho dignifica. A dependência, seja ela do Governo, de pessoas ou de drogas, escraviza!!
Que nosso povo tenha educação de verdade, e não de fachada, apenas para cumprir falsos índices de gestores que usam os falsos números para se engrandecer.
Chega de propagandas eleitoreiras que mostram uma falsa realidade da vida do nosso povo. Chega de mentiras! Chega de corrupção!! Chega de manipulação!!
Chega de políticos que esquecem que são empregados do povo e que devem trabalhar pelo povo, para o povo, e com o povo, e que devem sim prestar conta dos seus atos, como funcionários públicos que são (e muito bem pagos!!).
Chega de políticos interesseiros e corruptos!! Chega de compra de voto e de planos de campanha que só ficam no papel!! Chega!!
Que a Lava a Jato avance. Que o rombo no BNDES também seja investigado. E que em todo o país, em todos os municípios, as obras e serviços públicos também sejam investigados, varrendo e limpando a corrupção da nossa Nação, e que os culpados, de todos partidos, sejam devidamente punidos e tenham seus direitos políticos cassados.
Que o povo aprenda com a lição e que façamos uma renovação política em todas as esferas. Uma verdadeira reforma política, não só de ideologias, mas de políticos também.
Sei que ainda estamos longe de alcançarmos tudo isto. Mas este é meu desejo pessoal, como mulher, nordestina com orgulho, cidadã brasileira e filha do Altíssimo, a quem eu peço paz pelo Brasil, e dias melhores!!
Marcia Cruz
Editora Conexão Nordeste
Caro Walter Longo,
Venho por meio desta carta aberta informar que hoje (12/05/2016) eu, Gilvan Felisberto da Silva Filho, nordestino e filho de nordestinos, fui demitido da editora Abril. Lá ocupava o cargo de editor de arte I do núcleo digital da revista Exame. Mas na verdade meu trabalho era de designer mesmo, pois fazia de tudo, layouts de matéria da revista impressa, dos especiais e suas versões para tablets e smartphones.
Sempre respeitei a postura política da empresa. Embora afirmem que esta seja imparcial, quem está lá dentro sabe de fato como as coisas funcionam.
Voltando ao assunto da minha demissão. Um dia após publicar um questionamento a um post no Facebook no qual sua esposa criticava a postura de um nordestino em relação à manutenção da presidenta Dilma Vana Rousseff em seu cargo, me pediram para chegar mais cedo. E assim fui informado da demissão. O pretexto foi reestruturação.
O que me causou extrema estranheza foi estarmos prestes a começar a maior edição de um título da Exame, o Maiores e Melhores, que tem cerca de 400 páginas (em média), com uma equipe extremamente reduzida. Fora isso, ainda tínhamos de cuidar da edição periódica da revista Exame. Estavam sendo procurados freelancers para ajudar nesta demanda.
Aceito qualquer que tenha sido o motivo real da minha demissão, honestamente. O que não posso aceitar é que uma pessoa, esposa de um presidente de uma empresa como a editora Abril, use sua rede social para denegrir e/ou ofender um povo que sempre lutou pelo país.
Uma pessoa que casa com um presidente de uma empresa como a editora Abril não pode ignorar, nem deve (até porque ela deve ter estudado história na escola), que o Nordeste carregou o Brasil por séculos nas costas. Mas tudo bem, digamos que ninguém seja obrigado a saber disso. Mesmo assim ela, volto a repetir, esposa do presidente de uma empresa como a editora Abril, tem que saber que o povo nordestino é quem também garante o salário do seu marido.
Até me sinto um pouco envergonhado por eu — um mero designer, que não tem nada no meu nome, nenhum imóvel, carro — precisar dizer que cada ser humano que existe no nosso planeta tem o direito de ser respeitado, independentemente de raça, credo, cor, origem e por aí vai.
Pois, meu caro Longo, deixo aqui registrada a minha indignação. Embora não faça mais parte do quadro de funcionários da editora Abril, quero cobrar (por mim e pelo meu povo) qual a postura da empresa em relação ao comentário de sua mulher. Quero também saber até que ponto isso se reflete na política da Abril, levando-se em consideração que existem muitos nordestinos que ainda trabalham nesta empresa.
O que o senhor falaria para eles agora, depois de tudo isso?
Muito obrigado e sucesso!
Gilvan Felisberto da Silva Filho
Marcia Cruz
marciacruz@conexaonordeste.com.br
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